
Nas últimas semanas, São Leopoldo foi chocada por diversas notícias de homicídios e latrocínios. O número de mortes já passa de 100 e não há sinais de que essa violência irá arrefecer. Nesse momento, cabe-nos questionar porque a situação chegou nesse ponto e o que se deve fazer para mudá-la.
A violência é um fenômeno social complexo, com múltiplas causas e fatores contribuintes, muitos dos quais precisam ser trabalhados nos níveis nacional e estadual. Todavia, isso não pode servir de pretexto para que o município se coloque à parte dessa questão, pois há muito a ser feito nesse âmbito.
Em primeiro lugar, São Leopoldo precisa ter um Plano Municipal de Segurança Pública que defina, de forma clara e técnica, ações e metas de redução da violência, de modo a que os gestores municipais tenham um instrumento norteador de seu trabalho e a partir do qual a população possa cobrá-los.
Esse Plano deve contemplar métodos de resposta aos crimes, mas deve, primordialmente, adotar estratégias de prevenção à violência. E, nesse escopo, a Guarda Municipal tem um enorme potencial. Porém, para desenvolvê-lo, essa Instituição precisa ser valorizada, ter o seu efetivo aumentado, ser melhor equipada e treinada e receber os seus salários em dia. Também precisa ter o seu modo de atuação modificado, intensificando a sua interiorização nos bairros e adotando premissas de policiamento comunitário.
“São Leopoldo precisa ter um Plano Municipal de Segurança Pública”
Outra estratégia de ação imprescindível para a redução da violência é o aprofundamento da articulação entre as instituições policiais e entre os órgãos municipais que podem contribuir para a construção de uma cidade mais segura, como educação, saúde, esporte e obras. Não basta reprimir o crime depois que ele acontece, é preciso evitar que ele ocorra e, para isso, atividades esportivas e culturais nos contra-turnos das escolas, oficinas profissionalizantes e fomento a cooperativas para geração de renda, políticas de prevenção e de tratamento à drogadição e manutenção de espaços e equipamentos públicos, como praças e iluminação das ruas são ações que, comprovadamente em diversas partes do mundo, contribuem de modo decisivo para a redução da criminalidade. Além disso, o esforço policial de coerção aos pequenos delitos tem funcionado, em muitos lugares, como meio de aumento da sensação social de segurança e de evitamento do agravamento da criminalidade.
Por fim, é preciso estudar a violência, identificando locais, horários, circunstâncias e meios de ocorrências, a fim de qualificar as ações de enfrentamento e prevenção, alocando-se os recursos estatais de modo mais eficiente e eficaz.
Em suma, a municipalidade precisa refletir, com base técnica e científica, sobre segurança pública e assumir o protagonismo na sua promoção, evitando que os números da violência, e as vidas por trás desses números, continuem a se degradar.
“…a municipalidade precisa […] assumir o protagonismo…”