O prefeito municipal abriu a Semana do Idoso destacando que “hoje vive-se mais”. O nosso governante tem razão: segundo os censos de 2000 e 2010, a população leopoldense com 60 anos ou mais cresceu cerca de 50% enquanto a população total da cidade cresceu pouco mais de 10%. Ou seja, nós, enquanto sociedade, estamos envelhecendo; estamos realmente vivendo mais; e os idosos ocupam um espaço cada vez maior na pirâmide populacional.

Essa tendência demográfica exige reflexão e planejamento do setor público, para que as políticas e os espaços públicos sejam pensados para acolher, amparar e prover acessibilidade a esse número crescente de idosos. E não basta considerar apenas a atual população de idosos: é preciso pensar à frente, sob pena de termos, sempre, uma cidade despreparada para o seu contingente de idosos.
Outro aspecto fundamental no planejamento de políticas públicas para os idosos está na necessária consideração de que eles possuem variadas situações financeiras. Há idosos em boa situação, que podem adaptar suas residências, bem selecionar sua alimentação e pagar bons profissionais de saúde para acompanhá-los. Porém, há uma grande quantidade de idosos que vivem numa situação bastante diferente: moram na rua, não têm qualquer familiar para lhes fornecer amparo e, até mesmo, são maltratados pela família, necessitando, para proteção, serem retirados desse convívio.
“… a população leopoldense com 60 anos ou mais cresceu cerca de 50% enquanto a população total da cidade cresceu pouco mais de 10%.”
E como a nossa cidade cuida desses idosos? Hoje, São Leopoldo possui um Asilo Municipal, o Lar São Francisco de Assis, inteiramente dedicado ao acolhimento e ao cuidado de idosos em situação de vulnerabilidade social. Esse Asilo, o primeiro de caráter público do Estado, representa um marco na defesa dos direitos humanos e nas políticas públicas de defesa social.
Entretanto, no sentido inverso da dinâmica demográfica, o Lar vem sendo encolhido… Em seus primórdios, acolheu mais de 100 idosos; hoje, com uma população idosa municipal bem maior, acolhe 40. E o que mais espanta é que o mesmo prefeito que afirma que “hoje vivemos mais” é quem justamente pretende destruir o Asilo, acabar com essa histórica instituição de defesa e proteção dos idosos. Transferir os idosos para um espaço menor e que só comporta 32 pessoas é andar na contramão da história, da dinâmica demográfica e das palavras que ele próprio proferiu.
Se o nosso prefeito realmente valoriza a qualidade de vida de todos os idosos, inclusive daqueles que mais precisam do suporte público, a Semana do Idoso é a oportunidade perfeita para ele anunciar a manutenção do Lar São Francisco de Assis e a retomada do 1º projeto de construção do novo hospital, aproveitando a área livre aos fundos do Hospital Centenário. A cidade espera por essa coerência.
“Transferir os idosos para um espaço menor e que só comporta 32 pessoas é andar na contramão da história, da dinâmica demográfica e das palavras que ele próprio proferiu”