
Há alguns dias, o Sport Club Internacional sagrou-se campeão da Taça Libertadores da América. As pessoas praticamente entraram em histeria: choravam, gritavam, abraçavam-se mesmo sem conhecerem-se, pagavam promessas, etc. Nos dias antecedentes ao feito, calorosos debates de diversas ordens tratavam do assunto. Nas rádios, jornais e canais de televisão, nas ruas, nos trabalhos, acho que até nas igrejas, o assunto da grande final imperava: o grande acontecimento estava na boca do povo, em todas as classes sociais.
Também, não era para menos… a nossa vida dependia de tal fato! Se não me engano, com a vitória do Inter, os juros iriam cair, o pleno emprego deixaria de ser um sonho, a educação pública tornar-se-ia excelente, a diferença de renda entre a população brasileira iria cair drasticamente, a saúde seria universal e de qualidade, para desespero dos planos privados de saúde, os quais passariam a ser dispensáveis por completo. Não?! Não era isso que iria acontecer com a vitória do Inter?!
Não! O futebol, por mais que seja um jogo prazeroso, não muda a nossa vida! O que muda a nossa vida é a política! Mas essa, estranhamente, apesar da proximidade com as eleições mais importantes do país, parece que ainda não entrou na pauta popular. O que todos querem saber é o resultado do próximo jogo de futebol…
Acorda, meu povo! Futebol é hobby! Precisamos, urgentemente, atentarmo-nos para as decisões a serem tomadas no primeiro domingo de outubro! Não são apenas nomes de candidatos diferentes, são projetos distintos, são visões de sociedade e disposições em melhorá-las diferentes. Há muito tempo, o Brasil vive sob a dominação da oligarquia, formada por uma elite econômica que manipula as leis, que compra os candidatos ou os políticos para que não aprovem leis que ameacem os seus privilégios, que financia a cultura para que ela reforce uma mentalidade que lhe favoreça, que mantém a educação em níveis baixos, para que o povo não pense e, não pensando, não questione o seu poder. Se você quer um país socialmente mais justo, precisa ter isso em mente e votar contra a manutenção dessa dominação: desconfie de candidatos com propaganda cara, seja na televisão, ou nos cavaletes nas cidades – para pagarem os custos dessas propagandas, precisam, obviamente, de alta soma de dinheiro, a qual tem de vir de algum lugar, lugar esse que até pode ser uma doação lícita de empresa, mas, certamente, é feita com a perspectiva de ver esse investimento retornado com lucro… pense nisso.
“Não! O futebol […] não muda a nossa vida!”
Afora isso, procure conhecer os candidatos com quais simpatiza: busque a sua história, veja quais são os seus projetos, suas ideias, suas realizações anteriores, suas votações em projetos importantes, se já foi parlamentar. Depois, converse com seus amigos, debata. A troca de ideias desperta pontos de vista encobertos e espraia a percepção da importância do pleito eleitoral. Não vote em rostos bonitos, em músicas suaves, em imagens de crianças felizes ou gaúchos de “a cavalo”. Vote em ideias!

Caros leitores, faça com a política o que se faz com o futebol, no mínimo, e, se puder, aprofunde-se ainda mais, pois ela, sim, muda a nossa vida! Envolva-se, pois essa é a única maneira de construirmos um Brasil e um Rio Grande mais livre, igualitário e humano!
“O que muda a nossa vida é a política!”